Uma nova chance

Simone Trindade Idealizadora do Perceba a Vida Fernandópolis – SP Eu sou uma sobrevivente de uma tentativa de suicídio, e […]


Simone Trindade
Idealizadora do Perceba a Vida
Fernandópolis – SP

Eu sou uma sobrevivente de uma tentativa de suicídio, e a palavra “sobreviver”, por quase quatro anos, fez parte do meu cotidiano.

No final de 2011, com meus 27 anos, retorno para Fernandópolis, depois de uma exigência familiar, já que eu apresentava um quadro de depressão e síndrome do pânico e iria para aquela cidade fazer um tratamento.

Eu, que sou alegre e falante, já não era a mesma. Tinha dificuldade em me socializar, não conseguia fazer coisas simples como tomar banho e minha mãe tinha que me ajudar.

Comecei o tratamento sendo acompanhada por um psicólogo e um psiquiatra. Mesmo sendo cristã-evangélica, algumas crenças não estavam claras para mim. Por vezes, eu questionava a Deus, argumentando que eu me sentia boa demais para ser acometida de algo tão ruim e achava que Deus não me amava. Cheguei a pedir para que minha doença fosse trocada por uma em estado terminal, porque assim eu já saberia qual seria o meu fim. Na verdade, em minhas orações, eu estava pedindo a morte!

Depois de dois anos de terapia, cheguei ao meu limite: tentei contra a minha vida. Depois desse episódio, eu precisei de um acompanhamento pastoral juntamente com a minha família. Nesse aconselhamento, o meu irmão percebeu algo: eu precisava enfrentar o verdadeiro problema: perdoar o meu pai. Relacionar perdão com essa doença parece algo que não tem nada a ver, mas, no meu caso, tinha! Por anos, eu carreguei mágoas, vivi para chamar atenção e provar que eu era boa o suficiente. Eu buscava incansavelmente e inconscientemente ser vista e reconhecida pelo meu pai.

Meu pai teve uma criação rígida e essa rigidez se estendeu a mim. Por anos, não o compreendia e carreguei mágoa, raiva e vontade de provar que eu não dependia e nunca iria depender de homem algum. Assim, o relacionamento entre mim e meu pai foi ficando distante.

Não gostei da ideia, mas como eu não tinha mais nenhuma alternativa já que todas as anteriores haviam falhado, decidi começar o processo do perdão. Não foi nada fácil. Eu, que mal falava com meu pai, fui desafiada a lhe dar bom dia. Comecei a tentar iniciar uma conversa com ele, ainda que rápida. Fui praticando pequenos atos diários e, quando me dei conta, estava melhorando nossa comunicação. Eu tinha avançado, mas ainda não tinha liberado o perdão. Somente no final de 2016, em um encontro chamado Face a Face, houve uma ministração abordando o relacionamento entre pais e filhos e então eu coloquei todo choro e mágoa para fora e liberei perdão. Hoje, falo com propriedade: perdão é algo libertador.

Naquele momento, eu tive a melhor sensação que uma pessoa que tem depressão pode ter: Paz! Foi uma paz que só Jesus poderia ter me dado, pois era uma calma tão grande que nenhum remédio poderia proporcionar o mesmo efeito. A partir daquele dia, eu não tive mais insônia e começava a desfrutar a cura da depressão, a cura da minha alma.

Eu entendi que, nesse processo, eu precisava me decidir, firmar minha identidade e ter a humildade suficiente em reconhecer as minhas falhas e abandoná-las, sem apresentar justificativas. Se eu soubesse que era algo tão simples, teria feito antes. Agindo assim, comecei a viver em plenitude e vi meus projetos sendo concretizados. Gravei um CD – um sonho antigo, que foi financiado pelo meu pai, gravei um clipe e criei o projeto “Perceba a Vida” em que palestro e faço eventos, incentivando e ajudando as pessoas a tomarem atitudes corretas, gravei três documentários e me preparo para empreender mais projetos relevantes.

Se você está pensando ou já tentou pôr fim em sua vida, eu o convido a buscar uma solução satisfatória para seus problemas e a deixar as mágoas no passado, a viver o presente e a acreditar no futuro. Deus quer que você viva! E o mais importante: Ele quer que você viva os sonhos que Ele sonhou para você.

Quem diria que, depois de experimentar um cenário de total destruição, eu viveria os meus sonhos? É exatamente o que Deus quer para você. Não se importe com o que os outros pensam a seu respeito, importe-se com você.

Peça ajuda profissional e principalmente a Deus e, sobretudo, dê uma chance para você. Se eu consegui enfrentar, superar e ser feliz, você também consegue.

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