
Renata Costa |Instagram @renatacostapetclin
Meu nome é Renata. Sou médica veterinária, esposa e mãe de três filhos: Maria Fernanda, João Victor e Manuela. Hoje vou contar a história da Maria Fernanda.
Aos dezenove anos de idade, ela passou na faculdade de medicina veterinária em Bandeirantes, namorava havia três anos, fazia academia e era uma menina muito independente. Morava sozinha e cuidava de toda sua vida pessoal.
Porém, no dia 18/03/2023, às 16h20, recebi a pior notícia da minha vida. Aconteceu um acidente envolvendo o carro em que Maria Fernanda estava, juntamente com seu irmão João Victor, sua prima Carol e um amigo. Todos tiveram ferimentos leves, mas ela ficou gravemente ferida e foi levada para o hospital. As notícias não eram nada boas. Ela estava com traumatismo cranioencefálico e hemorragia interna, tendo sido submetida à cirurgia de emergência para conter a hemorragia. Em seguida, na UTI, permaneceu sedada para tentarem estabilizar seu quadro, porém os médicos não nos davam esperança. Então, travamos uma batalha pela vida. Uma batalha de oração e de fé!
Durante sessenta e cinco dias, minha filha ficou internada na UTI, enfrentando dificuldades com infecções e permanecendo em estado mínimo de consciência (quase um coma). Nos horários de visita, eu colocava louvor para ela ouvir, lia livros, cantava para ela, mesmo que ela parecesse não me ouvir. Contudo, eu cria que, no seu interior, algo estava sendo transformado, pois ela não conhecia verdadeiramente Jesus e nós fomos o apresentando para ela. Finalmente, ela foi para o quarto, mas sem apresentar nenhuma resposta, apenas piscava, permanecendo ali mais vinte dias.
No dia 01/06/2023, trouxemos Maria Fernanda para casa, com traqueostomia e sonda gástrica para alimentação (GGT). Montamos uma UTI na sala de casa para atender às suas necessidades e contávamos com uma equipe de enfermeiras durante vinte e quatro horas por dia. Também me davam suporte profissionais de fisioterapia, de fonoaudiologia, de acupuntura e de terapia ocupacional.
Procurávamos forças para recomeçar, pois nossas vidas, que estavam estabilizadas, foram transformadas em um piscar de olhos. Eu já não atendia mais em minha clínica veterinária a fim de poder me dedicar aos cuidados com minha filha, e meu marido passou a trabalhar em home office para que Maria Fernanda pudesse receber monitoramento contínuo já que ela não possuía independência para nada. Mas o impossível aconteceu, porque Deus que dá a última palavra!
Com o trabalho perseverante dos profissionais das várias áreas, foi possível remover a traqueostomia e a GGT e, após cinco meses de estado mínimo de consciência, aconteceu o seu despertar. Nem os médicos acreditavam na evolução dela. Contudo, começamos outra batalha: a de fazê-la reaprender a comer, a falar e a se movimentar já que ela havia permanecido imóvel por cinco meses.
Maria Fernanda foi rompendo os próprios limites, e a fé que nos move está mostrando os milagres de Deus. Atualmente, colhemos os frutos da dedicação principalmente dela e de toda a equipe envolvida. Com terapias intensas de seis horas diárias de reabilitação, hoje ela fala, comunica-se diretamente, come sozinha, já não usa mais fraldas e está reaprendendo a andar.
Passados quase dois anos desse acidente, podemos refletir nas transformações que ocorreram em nossas vidas. Maria Fernanda, uma jovem ativa e cheia de vida, de repente perde tudo e fica imobilizada, mas, por outro lado, se reencontrou com Jesus e ultrapassou as barreiras das impossibilidades. Eu tenho certeza de que é só o começo de uma linda história e de que essa menina vai ser usada pelo Senhor para testemunhar as grandes obras que Ele realizou em toda a sua existência. Creio também que nos tornamos pessoas melhores. Hoje oramos mais, e Maria Fernanda é a pessoa mais grata que eu conheço, não reclama de nada, pelo contrário, só agradece e encontrou no Senhor a força para recomeçar.
Agradeço ao Senhor pelas dificuldades e pelo processo por que passamos, ao meu marido Danilo, que sempre me apoiou, à minha filha caçula Manu, que está sempre estimulando a irmã e ao meu filho João Victor, que saiu do acidente sem nenhum arranhão. Essa experiência nos proporcionou grandes transformações familiares e nos ensinou a viver mais profundamente a nossa fé, que é a força que nos impulsiona a caminhar todo dia.


