
Por: Cabo PM Pais
Bombeiro
A vida é cheia de perigos e desafios e, diante disso, Deus escolhe e capacita profissionais para exercer trabalhos arriscados, que até colocam suas vidas em risco pelo bem-estar da população.
Podemos exemplificar com o Corpo de Bombeiros, do qual faço parte, cujos profissionais encaram a morte de perto, realizando salvamentos perigosos, que não seriam possíveis se não fosse a proteção e a bênção de Deus.
Certa vez, fui acionado para atender uma ocorrência de incêndio em residência com vítima. Assim que eu e a minha equipe chegamos ao local, eu já havia colocado o meu equipamento de segurança, quando a vizinha da vítima veio correndo, informando-me que na residência moravam uma senhora com seu filho deficiente, e que os dois ainda estavam presos dentro da casa que estava completamente em chamas.
Eu corri para a porta da cozinha e vi uma pessoa caída no chão do próximo cômodo. Mas, quando adentrei a cozinha, escutei um barulho vindo do teto. Dei um passo para trás e, nesse momento, senti que fui puxado para fora da casa, chegando a cair sentado. Em seguida, o teto desabou sobre as vítimas. Então, o meu parceiro chegou perto de mim, bem assustado com o ocorrido e me ajudou a levantar.
Quando retirei a máscara, aproximei-me dele e comentei: “Ainda bem que você me puxou na hora certa!”, porém ele me respondeu que não havia me puxado, somente me ajudado a levantar. Nesse momento, eu senti a presença de Deus e compreendi que, na verdade, havia sido Ele quem havia me salvado.
Infelizmente, não foi possível retirar as vítimas com vida. Essas situações nos entristecem e nos dão uma sensação de fracasso, porém, Deus nos dá força e motivação para continuar o nosso trabalho.
De todas as ocorrências atendidas durante a minha carreira, as que conseguimos resgatar as vítimas com sucesso são, com certeza, as que nos dão motivações para continuar dando o nosso melhor e nunca desistir.
Outra ocorrência de que me recordo aconteceu na véspera de Natal, quando houve um acidente de trânsito em uma rodovia cujas vítimas ficaram presas nas ferragens do carro.
Eu e a minha equipe nos deslocamos para o local e nos deparamos com uma cena triste, pois dois veículos colidiram de frente, de modo que os carros ficaram retorcidos. Eu corri até um dos veículos à procura de vítimas e, em meio a todo aquele ferro retorcido, escutei uma voz pedindo socorro.
Ao observar mais a fundo, pude ver uma moça me olhando assustada. Ela me disse que iria morrer. Então, aproximei-me dela, peguei em sua mão e lhe perguntei se ela acreditava em Deus. Ela me respondeu que sim e eu lhe disse para que tivesse fé, que nós iríamos tirá- la das ferragens e que ela não iria morrer.
Em seguida, chamei o meu parceiro e lhe disse que havia uma pessoa com vida e que era para lhe dar prioridade. Pegamos o nosso equipamento e começamos, cuidadosamente, a cortar as ferragens para tirá-la do carro. Foi uma tarefa muito difícil, pois os veículos estavam destruídos por conta da velocidade com que colidiram, mas depois de vários minutos cortando aquela ferragem, conseguimos retirá- la. Ela estava extremamente machucada, porém consciente e conversando com a gente. Na sequência, levamo-la rapidamente para o hospital onde a equipe médica de plantão assumiu os cuidados. Depois disso, retornei para o quartel e continuei seguindo a minha rotina diária.
Passado um ano, próximo ao Natal, eu havia acabado de chegar de uma ocorrência e encontrei três moças no quartel, esperando-me para conversar comigo. Uma delas me perguntou se eu não a reconhecia. Eu respondi que não e então ela me disse que era a moça do acidente de carro. Eu automaticamente me enchi de alegria e perguntei como ela estava. Ela respondeu que estava bem e que estava fazendo um tratamento, pois não conseguia andar direito. Ela me entregou presentes como agradecimento e aquilo para mim foi algo muito bom.
A vida sempre tem altos e baixos, porém não podemos ficar olhando somente para as dificuldades; precisamos olhar para Deus e estar sempre dispostos a ultrapassar as barreiras para socorrer vidas.

