
Sara Nemer
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No dia 09 de abril, diferentemente dos dias anteriores, minha saturação estava em 91% e 92%. Foi quando a médica pediu que fôssemos imediatamente para o pronto-socorro. Já estava no oitavo dia de Covid, quando fui internada. Naquele momento, imaginei que, no máximo, em quatro ou cinco dias, estaria em casa. Porém, dois dias depois, fui transferida para UTI.
Eu sentia um cansaço absurdo e muita dificuldade para respirar. Foi quando comecei a cogitar a possibilidade de ser entubada, pois, segundo a médica, eu não sofreria para respirar, apenas dormiria profundamente.
Cinco dias depois, após uma segunda crise em que realmente não conseguia respirar, achando até que fosse morrer naquele instante, eu mesma pedi à médica que me entubasse. Depois disso, não me lembro de quase nada. A maioria das coisas que sei foi- me contada por meus filhos.
Lembro-me de, em sonho, pedir socorro para Deus e de me ver correndo numa floresta escura. E, mais de cem dias depois, lembro-me dos meus filhos me contando que eu estava em São Paulo e que eu era um milagre de Deus.
Nesses duzentos e três dias de internação, enfrentei diversas bactéria, fungos, tromboembolismo pulmonar, alteração no ventrículo direito, insuficiência renal, bactéria multirresistente, choque séptico por três vezes, falência pulmonar e necessidade de transplante dos pulmões.
Durante todos esses dias, o Senhor levantou um exército de irmãos ao redor do mundo, que, juntamente com meus filhos, meu marido, igreja e família, oraram por mim incessantemente. Com certeza, graças a isso, por três vezes os médicos disseram à minha família que não sabiam explicar cientificamente o que havia acontecido para que eu melhorasse.
” Milagre é assim: não se explica, vive-se. “
Continuo em São Paulo, mas atualmente enfrentando outro tipo de batalha: a da reabilitação. Luto diariamente para recuperar tudo o que a Covid levou. Vale a pena enfatizar que, quando despertei da sedação, só conseguia mexer os olhos e também havia perdido, em apenas vinte e cinco dias internada, toda musculatura do corpo, não conseguindo nem mexer os dedos da mão. Hoje, no entanto, com pouco mais de cem dias de alta, já consigo andar, tomar banho, comer, me trocar, tudo sozinha. Portanto, percebo e sinto, a cada dia, o cuidado do Senhor para com a minha vida.
Estávamos ansiosos pela consulta em fevereiro com os pneumologistas do Incor. Ela aconteceu e pudemos observar a diferença entre a tomografia realizada em julho e a em setembro. Na primeira, observa-se o pulmão praticamente tomado, vidro fosco. Já, na segunda, viam-se algumas partes escuras, ou seja, o pulmão se restabelecendo. Também, no decorrer dessa consulta, perguntei aos médicos se, devido a minha melhora, eu estaria de alta, mas, para minha surpresa, eles disseram que me acompanhariam pelos próximos anos. Embora não seja algo fácil de ouvir ou lidar, creio plenamente que eles testemunharão muitos milagres a cada retorno que eu tiver!
Outro fato digno de nota é que os médicos me liberaram de usar oxigênio em repouso. Comemoraram esse fato, já que, tempos atrás, eu havia sido transferida para São Paulo a fim de passar por um transplante de pulmão e, agora, já estou respirando com meus próprios pulmões e caminhando sozinha. Ainda fiz questão de entrar no consultório sem oxigênio e fiquei muito feliz ao observar a saturação se mantendo em um limite bem seguro (94% a 96%).
Obrigada, Jesus! Seguimos confiando em Ti, na medicina, na força e coragem que o Senhor renova em minha vida a cada manhã! Continuem orando por mim e por minha família.
Eternamente serei grata ao Senhor. Que minha vida reflita seu poder e sua glória.
“Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmos 116:12).
