Ana Lúcia
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Eu me chamo Ana, sou casada com Siberlei e somos pais do Estevam, Vinícius e Samuel. Vou contar um pouco da história do Vinícius.
Ele era um rapaz dinâmico, alegre e cheio de vida. Até que o inesperado aconteceu. Mas, antes de mencionar tal desventura, vou explicar um pouco de sua trajetória de vida. Vinícius se casou com Tainá e tiveram três filhos: Melissa, Larissa e Matheus. Ele se orgulhava de, com apenas vinte e seis anos, ter uma família, carro e casa. Mas descobriram o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Matheus e na Larissa ainda bebês e começaram desde cedo o tratamento.
Em função dessa situação, a despesa familiar aumentou muito, e, apesar do esforço do casal para equilibrar as finanças, fazendo jornada dupla de trabalho, essa sobrecarga começou a adoecer o Vinícius, levando-o a fazer investimentos em bolsa de valores. No início, ganhou dinheiro, mas, da mesma forma que ganhava, perdia e com isso ficou viciado em fazer grandes apostas e ganhar muito dinheiro.
Fomos percebendo comportamentos destrutivos na vida de nosso filho devido ao seu vício no mercado de ações. Intensificamos as nossas orações por ele e levantávamos todas as madrugadas para clamar a Deus. Tentávamos conversar com ele sobre a sua saúde, sobre o perigo dos jogos, mas nada adiantava. Em certo momento, ele vendeu a sua casa toda reformada para pagar dívida de jogo e o que sobrou investiu em jogos e perdeu.
Não aguentando a pressão, ele procurou o pai para desabafar. Como forma de apoiá-lo, foi trazido para o aconchego da nossa casa e amparado financeiramente pelo irmão mais velho. Tudo fizemos na intenção de orientá-lo a parar com essa vida que escolhera.
As coisas melhoraram quando o vimos comprometido com o louvor da igreja, mas, como o vício aumenta a compulsão e a dependência, Vinícius foi voltando às velhas práticas, de forma velada, sem que ninguém percebesse. Assim que descobrimos, aconselhamo-lo a procurar ajuda psiquiátrica, mas ele não se convencia de que estava viciado e precisava de tratamento.
Foi então que, no fim de 2022, ele saiu para trabalhar e resolveu jogar, tendo mais uma vez perdido dinheiro, justamente aquele que havia juntado para comprar outra casa. Como o vício já o dominava, emprestou mais uma quantia de um dos investidores, mas perdeu tudo novamente. Desesperado, começou a se aproximar de nós, almoçava conosco, mas calado o tempo todo. Certo dia, algo estranho aconteceu. Ele estava à procura de certa coisa e perguntou ao pai onde poderia encontrá-la, em seguida, fez uma chamada de vídeo para sua esposa Tainá, viu as crianças, passou por mim e disse às suas últimas palavras: “É isso aí né, mãe. Fazer o quê?”
E foi embora.
Achei tudo muito estranho e saí para procurá-lo, mas não o encontrei. Chamei meu marido e fomos atrás dele. De repente, vi uma cena indescritível, a mais triste da minha vida, que jamais irei esquecer. Vinícius estava pendurado em uma corda, em uma árvore atrás da minha casa.
Não consigo descrever a dimensão da dor que senti naquele momento. Minha primeira reação foi me ajoelhar e clamar: “Salva ele, Senhor, tenha misericórdia!”. Logo minha vizinha veio me confortar e ficou comigo o tempo todo. Fui medicada e consegui participar do velório e do enterro até o fim. Trago à memória esse momento final onde a palavra de Deus foi proclamada trazendo consolo ao meu coração e onde os louvores e a solidariedade dos amigos nos trouxeram alívio e aconchego.
Enfrentar a situação de perder um filho é dramático, mas o Espírito Santo de Deus Consolador tem me dado forças para continuar de pé e me carregado no colo quando estou enfraquecida.
Nossa família, amigos e irmãos foram muito compassivos conosco e têm sido até os dias de hoje. Vinícius deixou uma mensagem desabafando tudo que estava em seu coração e pedindo perdão para todos, principalmente para sua família, pais e irmãos. Hoje seguimos a nossa vida, servindo ao Senhor e o amando cada dia mais, pois ele tem sido a nossa força e sustento. “Torre forte é o nome do Senhor, à qual o justo se acolhe e está seguro” Provérbios 18:10
