

Por: Gabriela Cardamoni Borges
Cirurgiã Dentista
Existem várias formas de abuso sexual, sendo o estupro apenas uma delas.
Fui vítima de abuso e isso trouxe consequências dolorosas em minha vida. Venci essa batalha, porém foi difícil porque me sentia suja e culpada. Isso me afastava do meu esposo (Sérgio) e eu não conseguia me abrir para amar e me entregar verdadeiramente a ele, ao contrário, achava que a hora do sexo deveria ser escondida, já que, na minha concepção, era uma prática que Deus não aprovava.
Fui abusada duas vezes: a primeira vez, por uma prima, e a segunda, por um primo. Até quatro anos atrás, não tinha contado a ninguém. Eu queria esquecer o fato, anulá-lo dentro de mim, ainda que soubesse que era necessário desabafar com alguém, porém, me calava em virtude do sentimento de culpa, considerando-me responsável pelo que ocorreu.
Finalmente, revelei o ocorrido ao meu esposo, que encarou com naturalidade e disse que tudo aquilo era passado. Eu fui me conscientizando também dessa verdade, de que tudo era realmente passado. Comecei a compreender que eu não tinha tido culpa, porque eu era apenas uma criança de 6/7 anos, inocente, diante de pessoas mais velhas que eu. Fui então me perdoando de algo que não tive culpa.
O processo de cura foi se desenvolvendo.
Testemunhei também essa triste experiência em uma ministração de ODRES, um encontro de três dias na presença do Senhor, onde recebemos oração, discipulado e renovo do Espírito Santo. Foi um bálsamo curador em minha alma.
Hoje, convivo com meus primos e os vejo com o olhar de Deus. Quando Deus me olha, về a Cristo antes de me ver e assim não me mata pelo meu pecado, antes me perdoa. E eu olho meus primos da mesma maneira, com misericórdia. Eles foram instrumentos nas mãos do diabo, porque somente este pode colocar em jovens e adultos um desejo por crianças.
A culpa não é dos meus primos, mas do diabo, e, na minha vida, eu venci Satanás com a força daquele que é mais forte que ele: o meu Amado, Salvador, Redentor, meu Dono, meu Rei Jesus.
