A minha graça te basta

Por: Késia Cerqueira Hashimoto@mae.sem.neura Em 2014, casei-me. Foi como aquelas cenas de filme que, em sonhos, revivemos milhões de vezes. […]


Por: Késia Cerqueira Hashimoto
@mae.sem.neura

Em 2014, casei-me. Foi como aquelas cenas de filme que, em sonhos, revivemos milhões de vezes. A vida parecia ter um novo ponto de partida e o sentimento era de invencibilidade. Hoje, ao olhar para trás, vejo quão imatura fui ao apequenar Deus a um simples realizador de minhas vontades, sem perceber que Ele tinha propósitos maiores para minha vida.

Após o casamento, meu marido e eu fizemos planos de desfrutar de um a um ano e meio sem filhos. No entanto, após dez meses, mudamos os projetos, e interrompi o anticoncepcional. Em nossa mente limitada, achávamos que nos meses seguintes as compras seriam de bebê-conforto, roupinhas e fraldas. Porém, veio o primeiro resultado negativo para gravidez. Pensei: “Tudo bem, vai ser no mês que vem”. Os meses passavam e a coleção de negativos aumentava.

Após onze meses de tentativas, buscamos ajuda médica e finalmente meu marido recebeu o diagnóstico de esterilidade. Se, por um lado, descobrimos o motivo de eu não engravidar, por outro, no entanto, um buraco se abria em meu peito e uma muralha se levantava entre nós dois.

A adoção não era ainda algo considerado por nós, era como um plano B, e esse assunto ficou no silêncio, enquanto a sensação de total dependência tomou conta de nós. Havia um diagnóstico, métodos invasivos poderiam ser testados, muito dinheiro seria gasto e o fim era incerto. A única certeza que nos restou era que Jesus faria um milagre, dando-nos um filho ou nos daria forças para viver sem filhos. Isso era tudo em que conseguíamos acreditar.

Foram duzentas e quarenta e três semanas de joelhos, orando para que Deus clareasse sua vontade e norteasse nossos caminhos. Em janeiro de 2019, enquanto passeávamos com um casal de amigos e sua filhinha Maitê, meu marido disse algo que abriu uma fenda na muralha: “Acho que está na hora da gente encomendar um amiguinho pra Maitê. Vamos adotar!”.

Você deve ter pensado que tudo se resolveu e o fim foi “felizes para sempre”. Mas, após essa fala, pairou novamente um silêncio e eu, por fim, senti que era a minha vez de romper essa complicação e lhe enviei um vídeo sobre adoção à luz da Bíblia. Depois de assistir, conversamos de maneira clara e decidimos.

Eu já nutria, em secreto, um desejo de adoção. Essa vontade era como uma semente, que fui cuidando em meu coração; enquanto isso, o Senhor a semeou e a fez germinar no tempo certo.

Na semana seguinte, estávamos na porta do Fórum, recebendo informações e separando a documentação para o processo de adoção. Existiam dúvidas, temores, tabus, mas entendemos que esse era um dos propósitos de Deus para nós. A adoção passou a se constituir o plano A de Deus: através dela, teríamos uma geração abençoada.

Em março de 2019, demos entrada no processo e, em dezembro do mesmo ano, recebemos uma ligação na qual fomos informados de que seríamos pais de três meninos: um de quatro anos, um de seis e um de oito, que chegariam no mês seguinte. Em 20 de janeiro de 2020, às 15h, aconteceu o “nosso parto” em uma sala do Fórum de Campo Grande (MS), onde nossos filhos correram para nossos braços.

Eu já havia aprendido a lição sobre dependência, graças ao longo tempo esperando em Deus as confirmações de sua vontade. Mas outros fatores iriam provar ainda mais a minha fé: um mês depois, houve lockdown, pandemia, uma família recém-aumentada e falta de trabalho. Nossa agenda de eventos fotográficos foi esvaziada, junto com a despensa. Porém, não temia já que conhecia de perto Aquele que me guardava.

Mesmo que o chinelo do filho se arrebentasse, três pares novos chegavam. O pão que faltava no café da manhã, os vizinhos traziam. Suprimento e cuidado contínuo de Deus!

O dia do “Felizes para Sempre” nunca chegou, mas Deus nos fez florescer em meio ao deserto. Quem sou eu para discordar dos planos dEle? Por que temer quando sei que Ele me guarda? A minha casa escolheu confiar e então compreendemos o que significa “A minha graça te basta”.

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