Crescendo na fé através da tempestade 

Rosane Simão | Instagram: @simaorosane Eu me chamo Rosane, sou casada com Paulo e somos pais do Maicon (in memoriam) […]


Rosane Simão | Instagram: @simaorosane

Eu me chamo Rosane, sou casada com Paulo e somos pais do Maicon (in memoriam) e Neemias. Vou contar um pouquinho de como foi enfrentar a enchente de maio de 2024 no Rio Grande do Sul. 

O inesperado aconteceu. No primeiro dia de maio, minha família enfrentou uma quantidade de chuvas que inundou todo o bairro Vicentina onde morávamos, na cidade de São Leopoldo, no estado do Rio Grande do Sul. Elas foram tão intensas que os rios e os diques não deram conta e invadiram oito bairros e o centro da cidade de São Leopoldo. As casas ficaram 28 dias submersas. As famílias procuraram abrigos em lugares que não haviam sido afetados pelas águas, nas igrejas, em casas de amigos ou de parentes, que acolheram a imensidão de pessoas que precisavam ser ajudadas naquele momento frágil. 

Minha família foi acolhida por 30 dias pela mãe de um pastor conhecido nosso, dona Celoni Vargas, moradora de São Leopoldo, em uma área não tão atingida pela enchente. Ela cedeu seu quarto e foi dormir no sofá da sala. Agradecíamos a Deus a cada deitar e a cada levantar, pedindo forças para recomeçar, apesar dos vários momentos de incertezas. 

Esses 28 dias de tensão foram momentos de muito choro e tristeza. Muita coisa se perdeu. Com trabalho, podemos recuperar os bens materiais, porém os álbuns, as fotos e as memórias, que são registros de nossa história e de grande valor sentimental, jamais poderão ser recuperadas. 

Após baixarem as águas, não foi fácil o retorno à nossa residência, pois sabíamos que o que iríamos encontrar nos traria mais dor e sofrimento. Foi exatamente o que aconteceu. Chegamos e vimos tudo destruído, com muita lama, sem luz e sem água – uma cena que nos deixou paralisados. Eu me sentei e chorei muito pela perda de todos os móveis e das “memórias”. O conforto do lar não existia mais, estava tudo destruído. Enquanto meu esposo, meu filho e duas famílias começavam a remover os entulhos para a rua, eu fiquei horas, olhando e pensando: por onde eu começo? O que faço? Estava sentindo muita dor na alma por ver meu lar daquele jeito. 

De repente, lembrei-me de um versículo da Palavra de Deus que diz: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Levantei a cabeça, olhei para o céu e disse: “Deus, ajude-me mais uma vez. Dê-me força, sabedoria, ânimo e coragem para me levantar e confiar que terei novamente o que as águas destruíram”. Em todos os lugares, havia “montanhas” de escombros, mas, com fé, fui ajudar a remover a enorme quantidade de entulhos que cobriram os móveis da minha casa. As ruas mal davam para caminhar devido aos lixos que foram retirados das casas. Ali entendi a importância de valorizar as pessoas e as famílias, porque bens materiais podem ser recuperados, mas a vida não. 

Fomos limpando tudo de maneira solidária: Deus levantou pessoas para nos ajudar e nós também ajudamos outras famílias que se encontravam em situação semelhante à nossa. Recebemos doações que chegavam de diversos lugares e cada móvel doado era motivo de agradecimento a Deus. 

Também foi atingida a escola  Recanto dos Girassóis, de que sou diretora. Trata-se de uma escola de Educação Infantil, sem fins lucrativos, que atende crianças carentes da comunidade. Voluntários da Jocum nos ajudaram em sua reconstrução. Já, a igreja na qual congrego foi inundada e ainda não está plenamente restaurada, disponibilizando atividades online. Famílias da escola e da igreja, que perderam suas casas, permanecem em casas alugadas por elas ou em aluguel social, nos bairros que não foram atingidos. 

Agradeço a todos que nos ajudaram nesse processo de reconstrução, com apoio, com oração, com recursos e com palavras de encorajamento. Agradeço em especial a Deus, autor e consumador da minha fé e à minha família, que sempre está comigo enfrentando cada desafio. Olho para trás e vejo que a “tempestade” que nos atingiu oportunizou nosso crescimento na fé, na unidade e no amor. Creio que Deus está no controle de todas as coisas, mesmo em situações desfavoráveis. Essa confiança sustenta o nosso recomeço de vida e nos impulsiona a avançar a cada dia. 

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