Batalhas e vitórias

Mariana M. de O. Silva Bibliotecária/professora “E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência […]


Mariana M. de O. Silva
Bibliotecária/professora

“E caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e bateram com violência contra aquela casa, mas ela não caiu, pois tinha seus alicerces na rocha” (Mateus 7:25).

Meu nome é Mariana, tenho 30 anos, sou casada e mãe de dois filhos. Sou formada em biblioteconomia e atuo como professora eventual em escolas públicas de Marília.

Lendo estas primeiras palavras, parece muito simples à maioria das pessoas um preâmbulo como este, mas, para mim, o teor de cada uma dessas declarações foi conquistado debaixo de muitas lágrimas e de um incansável enfrentamento de sabotadores, que se apresentaram desde a infância.

O medo e a insegurança vieram como os primeiros sabotadores. São claras as lembranças das brigas entre meus pais, que me inundavam de uma sensação de que eles iriam me abandonar. Tinha muito medo de eles morrerem e me aproximava enquanto dormiam para verificar se estavam respirando.

Em 2000, toda minha família teve um encontro com Cristo e foi para a igreja. O relacionamento entre meus pais melhorou e todo aquele medo e insegurança que eram tão presentes, ficaram imersos em uma vaga lembrança.

Porém, minha família se afastou da igreja e minha mãe me proibiu de ir sozinha aos cultos. Os medos do passado ressurgiram e, enquanto os adolescentes da minha idade começaram a namorar, sair sozinhos, eu sentia apenas medo.

Virei vítima de mim mesma: me oprimia e me cobrava a me esforçar sempre mais para conseguir realizar as coisas. A cada embate entre minha mente e corpo, minhas forças se esvaíam. Mesmo achando que aqueles sentimentos e pensamentos fossem desaparecer, eles continuavam presentes.

Aos 16, recusei, mesmo querendo, um pedido de namoro, justamente por medo. Aos 17, desisti de meu primeiro emprego, enchendo-me de pensamentos de derrota, fracasso, culpa, incapacidade. Decidi acabar com a minha vida e, sem pensar nas consequências daquela minha atitude, tentei suicídio.

Fui socorrida pelos meus pais e levada ao Hospital das Clínicas. O diagnóstico foi depressão e ansiedade generalizada. Comecei um tratamento com psicóloga e psiquiatra a fim de obter ajuda. Todavia, imaginava que nunca iria conseguir ter uma profissão, uma formação superior, um marido, nem ser mãe.

Minha família voltou para os caminhos de Deus e eu buscava, por muitas vezes, quase sem forças, a presença dele: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscares de todo o coração”. Minhas forças foram se renovando. Dias bons intercalados com dias de instabilidade, vivendo, buscando, caindo e levantando.

Em 2008, iniciei faculdade de biblioteconomia na Unesp de Marília e, nesse mesmo ano, conheci meu esposo, que me deu apoio e foi paciente comigo nas crises durante nosso tempo de namoro e noivado, e nas do casamento. Porém, comecei a perceber quantas situações eu já tinha vencido e que havia um Deus que lutava minhas batalhas. Assim, a cada crise enfrentada, minha fé e força se renovavam.

Em junho de 2014, perdi um bebê na oitava semana de gestação e senti um vazio ainda maior que todos. Engravidei novamente e tive o Daniel. Fui acometida de depressão pós-parto de maneira que eu não conseguia segurar meu filho sem chorar pedindo a ele perdão pelas coisas ruins que eu estava pensando e sentindo. Novamente vi a morte como desejo e solução.

Fomos para casa dos meus sogros que nos ajudaram muito, como também minha família. Mudei para Lucélia, ainda em depressão, no final de 2015, para trabalhar como bibliotecária municipal. Ficava sozinha, pois meu esposo viajava a trabalho. Consegui superar e amar meu filho de maneira inexplicável! Foi um tempo de crescimento e amadurecimento apesar das dificuldades de estar só. Fui pega de surpresa ao descobrir nova gravidez e, quando nasceu meu segundo filho, Guilherme, enfrentei novamente meus sabotadores, mas permanece inabalável, com meus pés firmados em Cristo.

Hoje sou uma mulher curada e forte. Dias maus todos enfrentamos e sei que você já passou por alguma situação que fê-lo pensar em desistir. Porém, o mesmo Deus que me sustentou pela mão está com os braços estendidos e pode mudar sua história.

Agradeço a todos que estiveram comigo nesse processo, especialmente ao meu esposo e parceiro em tudo, Luís Fernando, presente até no desafio de elaboração deste testemunho. A Deus pela VIDA e VITÓRIAS concedidas.

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