A escola e a pandemia

Rosemeire Coelho Coordenadora  pedagógica do Colégio Água Viva Instagram: @zeemeire Dezesseis de março de dois mil e vinte. Uma data […]


Rosemeire Coelho
Coordenadora  pedagógica do Colégio Água Viva
Instagram: @zeemeire

Dezesseis de março de dois mil e vinte. Uma data marcante para educadores, famílias e estudantes. A escola que era viva, feita de gente ativa, cheia de abraço, toque, movimento e interação, acabava de receber uma fria e triste notícia: As aulas presenciais estariam suspensas!

Educadores cumpririam em suas casas a função de dar aulas; famílias nem ao certo imaginavam como conduziriam a vida escolar do estudante; entrava em cena agora a escola quieta, vazia, sem movimento, sem gente!

Fomos desafiados a enfrentar um mundo diferente de tudo o que construímos em nossa prática e vivência. Tínhamos que extrair o máximo de nossa formação. Além disso, lidar com a COVID 19, um vírus novo, que carregava junto de si sensações de perdas, fragilidade, insegurança e também esperança… Ah, como tivemos esperança!

Somos sobreviventes! Sobreviventes que buscaram ir além do já trilhado até então. E, com a força e coragem provenientes de Deus, empreendemos novas ações para direcionar os passos de todos naquele caminho sombrio.

No exercício da função de coordenadora pedagógica do Colégio Água Viva, vi-me imersa em um grande ajuntamento de vidas preciosas, que necessitavam de ajuda e cuidados, principalmente os emocionais. O primeiro grupo a ser destacado foram os Educadores, que ficaram perplexos em iniciar esse processo nunca vivenciado antes, como: gravar aulas, usar aplicativos, fazer lives a partir de suas casas, com a possibilidade de exposição de lugares que eram íntimos do educador. Recordo de professores tendo de enfrentar o medo do novo, o pavor de ficar frente às câmeras e a preocupação em garantir um bom aprendizado para seus estudantes. Era notório o envolvimento e comprometimento desses profissionais, iniciando as aulas com sorriso, criatividade e acolhimento aos alunos, para manter uma ambiência de sala de aula. Quantas estratégias! Quantos esforços! Quanta superação!

O segundo grupo muito impactado pela inusitada situação foram as Famílias, que, ao serem comunicadas sobre a suspensão das aulas presenciais e o início das aulas remotas, sentiram como se o chão lhes faltasse. Foram incontáveis ligações nas quais expressavam suas angústias sobre algo que também nos era de difícil compreensão e aceitação. Nesse momento, a atitude mais coerente e humana foi de escutar pais e mães, exercitar a paciência, desenvolver a empatia e nos colocar à disposição para atravessarmos juntos o momento. Além do desafio de serem os substitutos do professor em casa, esses pais também enfrentaram a incerteza da manutenção do emprego. Muitos eram autônomos e viram seus negócios gradativamente serem atingidos pela crise econômica que se instaurava. Não bastasse isso, a Covid- 19 adentrou nos lares e, infelizmente, ceifou muitas vidas. Assim, a parceria com a escola foi fundamental para dar suporte e oferecer possibilidades para lidar com as questões acadêmicas dos filhos.

O terceiro e último grupo que se desdobrou intensamente foram os nossos Estudantes. Quando houve a paralisação, estávamos focados na implantação da nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que preconiza o socioemocional, o protagonismo do estudante, as metodologias ativas, e, de repente, tudo isso ficou comprometido. A interação, o convívio com a turma e com o professor, a participação efetiva e presencial, deram lugar a uma comunicação por telas, aplicativos, plataforma, dispositivos móveis, roteiros de atividades, ou seja, a uma realidade diferente, que demandava ações e planejamentos inovadores.

Muitos desafios! Mas, sobrevivemos! E a escola como um todo se prontificou a aceitar o desafio de mudar, de se renovar, de criar, de viver o novo, garantindo que todo o processo continuasse efetivo.

Todos saímos diferentes. Compreendemos, hoje, mais do que nunca, o significado de estarmos juntos, o valor da parceria que não se traduz em palavras mas em atitudes, o sentido da palavra “resiliência” e a força da persistência. Agregamos aprendizagens, descobrimos novas metodologias, aguçamos nossa sensibilidade, reelaboramos a vida tudo isso acrescentou muito em nossa formação pessoal e pedagógica, que deve estar sempre em transformação!

Tornou-se evidente o versículo: “Seja forte e corajoso! Não se apavore, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar” (Josué 1:9).

Em meio a tantas experiências difíceis, permanecemos firmes, sempre “aprendentes” e confiantes Naquele que cuidou de nós e nos levou a cuidar de tantas vidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima