Shirley Magalhães
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Meu nome é Shirley. Tenho quarenta e seis anos, sou casada, mãe de três filhos e pastora. Venho de uma família muito simples, de pais separados e cresci em meio a muitas aflições pela falta de estrutura familiar. Mas hoje compreendo o poder transformador de Jesus por cuidar de mim e não permitir que os traumas e as amarguras da infância me afetassem.
Morei com parentes e com conhecidos da família e, pela bondade de Deus, voltei a me reunir com minha mãe e meus irmãos aos treze anos. Casei-me aos dezesseis anos e logo tivemos nosso primeiro filho Tiago, que nasceu com uma paralisia cerebral grave. Hoje tem vinte e nove anos. Ele não anda, nem fala e tem muitas comorbidades, mas é dono de um sorriso que ilumina a todos e nos faz ver que a enfermidade do corpo não o tornou enfermo de alma. Ele expressa o amor de Deus com sua alegria.
Sou privilegiada em tê-lo como filho, mesmo não sendo fácil a minha rotina como mãe, esposa, dona de casa e pastora. Apesar das intensas atividades, sou grata a Deus por tudo e O sirvo de todo o meu coração.
O Tiago não come nem toma água com ninguém. Tudo é comigo. Porém, em meio a tantas dificuldades, Deus nunca me desamparou e me ensinou a ter um coração disposto a servir. Em minhas limitações, o poder dele se aperfeiçoa na minha fraqueza. Renunciei minha vida por amor a Cristo e peço a ele, todos os dias, que me dê saúde e sabedoria para eu poder fazer tudo com muita excelência.
Em 2020, meu padrasto, que foi como um pai para mim, faleceu devido a um câncer de intestino e minha mãe, já diagnosticada com Alzheimer, veio morar comigo. Ela havia me pedido para cuidar dela quando envelhecesse, já que sou a mais velha de quatro filhos. Assim, eu a trouxe, muito debilitada, para morar comigo. Fui aprendendo a dividir as responsabilidades entre a organização da casa, os cuidados com minha mãe, a assistência ao meu filho Tiago, a atenção com o restante da família e o exercício do ministério pastoral.
A rotina era intensa e as dificuldades com minha mãe e com meu filho foram aumentando. A verdade é que as lutas me impulsionaram a prosseguir para o alvo. Ainda que eu fosse pressionada de todos os lados, não desanimava, fiquei cansada, mas não desesperada, abatida, mas não destruída (2 Coríntios 4:8-9). Ao cuidar das pessoas ao meu redor, Deus estava me dando a missão de cuidar e pastorear.
Diante de tudo que vivi, eu incentivo você a fazer o mesmo. Quando as lutas vierem, traga à memória que o processo que você está passando é um caminho para amadurecê-lo e fortalecê-lo, é uma oportunidade para você sentir a presença de Deus. Sei que não é tão fácil assim seguir esse conselho, mas é possível desfrutar de sua graça e misericórdia nos impulsionando a seguir em frente. Eu sou a prova viva.
Confie em Deus, pois ele jamais o abandonará.
Minha grande alegria era que, quando chegava os dias de culto, eu ia à igreja acompanhada de minha mãe e de meu filho Tiago, que iam não por obrigação, mas porque queriam estar juntos de mim. E o apoio da igreja foi fundamental já que os irmãos me ajudavam a cuidar deles enquanto eu transmitia a mensagem. Houve dias muito difíceis, porque meu filho ficava na cadeira de rodas e minha mãe queria andar pela igreja, mas os irmãos me socorriam e me permitiam prosseguir para o alvo. Muitas vezes, a preparação da palavra era realizada nas madrugadas, já que durante o dia eu não conseguia estudar a Bíblia.
Em dezembro de 2023, o Senhor levou minha mãe para o seu descanso eterno e eu senti paz por ter cumprido minha missão de tê-la honrado até o fim. Agradeço a Deus por essa grande vitória e tenho convicção em dizer que, quanto mais as lutas vêm, mais o Senhor potencializa a nossa fé para prosseguirmos para o alvo.
