
Carla Hiromi
@carlateruya
Eu me chamo Carla, sou casada com Haroldo Teruya, pastor da Igreja Evangélica Holiness de Campo Grande (MS) e temos duas filhas. Minha família é meu apoio, e meu Senhor Jesus, o fundamento. Hoje sou o que sou pela graça de Deus em minha vida.
Na minha infância até a adolescência, sofri assédios e abusos por parte de alguém que exercia certa autoridade sobre mim. E, quando decidi seguir a Cristo, pensei que isso seria o sufi ciente para não sentir mais as consequências dos traumas vivenciados, mas a ferida já estava mais profunda do que eu imaginava. Eu não conseguia falar com ninguém sobre o assunto com medo de causar problemas e não ser aceita pelas pessoas.
Recorria a Deus em minhas orações, pedindo que os abusos parassem, mas não conseguia compreender o porquê de isso estar acontecendo comigo. Cresci calada, cheia de complexos (inferioridade, baixa autoestima, perfeccionismo), sentindo-me a pior das pessoas. A depressão começou a surgir, juntamente com um sentimento de rejeição e de não me sentir compreendida.
Antes mesmo de começar a namorar o Haroldo, decidi abrir o meu coração e lhe contar todos os traumas que ainda me perseguiam. A reação dele foi surpreendente, dizendo-me o quanto me admirava por ter confiado nele e que estaria sempre do meu lado para me ajudar no que fosse necessário durante todo o meu processo de restauração.
Chegou o dia do meu casamento. Um momento muito esperado, pois queria encontrar a felicidade e me ver totalmente liberta da culpa, dos medos e dos pensamentos que não agradavam a Deus. Não foi tão fácil, pois os traumas ainda me perseguiam, mas as palavras de meu esposo foram fundamentais para eu me sentir mais segura e confiante.
O tempo passou, porém aqueles acontecimentos do passado continuavam latejantes, trazendo mágoas e revoltas. O tratamento emocional se iniciou com a terapia e com a ajuda da liderança de minha igreja. Esse período me trouxe maior estabilidade emocional e fui compreendendo e sentindo o amor de Deus por mim.
A certa altura, tomei a decisão de me livrar do peso que me oprimia e perdoar a pessoa que abusara de mim. Não é possível perdoar, com nossas próprias forças, aqueles que nos ofendem, somente com o auxílio do Espírito Santo. Não podemos pagar o mal com mal nem retribuir ao ofensor com violência. Fato é que Jesus morreu em uma cruz pelos nossos pecados para nos reconciliar com Deus e uns com os outros. Portanto, perdão é um mandamento, é um ato de obediência, é um caminho que precisamos trilhar a fim de sermos curados. Tomei posse dessa verdade e perdoei. A partir de então, o processo de cura começou a acontecer e eu fui provando de uma vida liberta e abençoada.
O ato do perdão é libertador! Tenho provado isso.
Já se passaram três anos de tratamento psiquiátrico e não tenho vergonha de dizer que ainda faço uso de medicamentos e de acompanhamento terapêutico. Porém, sou outra pessoa e, mesmo em meio às lutas, sigo adiante crendo nas promessas do Senhor: Sejam fortes e corajosos. Não tenham medo nem fiquem apavorados, pois o Senhor, o seu Deus, vai com vocês nunca os deixará, nunca os abandonará”. Deuteronômio 31:6
Caso você tenha tido experiências traumáticas assim como eu, siga firmada nos caminhos do Senhor e tome posse de suas promessas, porque, para ser curada, é preciso perdoar. Aprendi e consegui colocar em prática os princípios bíblicos com apoio do meu marido e filhas e tenho orado para que meu abusador compreenda o amor de Deus por ele,
arrependa-se e seja salvo.
Hoje posso dizer que estou curada, liberta, redimida por aquele que morreu por amor a mim e a você. A caminhada foi longa até aqui, mas, agora, a ferida está cicatrizada e não há mais dor, nem tristeza.
Por trás das cicatrizes, ficou a certeza de que Deus nunca nos abandona e nos cura através dos frutos colhidos pela obediência a Ele. Venci uma importante etapa e agora sigo em frente, desfrutando da nova vida que Ele tem me proporcionado.

