Glória Raad
@princesagloriadolibano
Eu me chamo Glória Raad e nasci no Líbano. Primogênita de seis irmãos, vivia em um lar totalmente desestruturado no qual via meu pai bater em minha mãe, em meio à gritaria e xingamento. Meu pai nos ensinou sobre a religião muçulmana e tínhamos que fazer as práticas religiosas.
Para mim, “deus” era um ser bravo e pronto a nos castigar.
Em virtude da guerra dos anos de 1980, refugiamos na Argentina. Ali cresci, enfrentando situações difíceis por ser estrangeira e, em casa, continuava presenciando brigas. Com o passar dos anos, fui conhecer o Brasil e acabei ficando por aqui.
Comecei a trabalhar em um salão muito simples e, ali, escutei uma música cristã que a dona colocava todo dia (eu nem sabia que se tratava de louvor). Foi um divisor de águas quando percebi que era possível adorar a Deus com música, pois isso era inconcebível em minha religião. Jamais eu poderia imaginar que se podia cantar para Deus. Hoje, infelizmente, vemos tantas pessoas cantando músicas mundanas quando poderiam entoar músicas que as levassem à presença de Deus.
Abri uma loja de roupas e algumas clientes me falavam da bíblia e até me levavam à igreja. Deus usa qualquer pessoa, mas elas precisam estar disponíveis para deixá-lo cumprir o propósito na vida delas. Eu não sabia orar e tinha muito medo de Deus por causa de minha antiga religião. Quando passei por uma situação financeira difícil, pedi para o Senhor melhorar meus negócios e acabei abrindo três lojas de roupas. Só que depois disso, fui me afastando dele.
A certa altura, conheci um homem mais velho que eu, que me ajudou a produzir minha própria marca. Porém, devido às minhas carências, falta de paternidade e identidade, ele se aproveitou das minhas fragilidades e, inesperadamente, desapareceu, lesando-me inclusive financeiramente. Por isso, alerto aos pais para que firmem a identidade de seus filhos porque, lá fora, há “lobos” que querem destruí-los, se perceberem neles carência afetiva e relacional.
Com as dívidas acumulando, entrei em depressão e vozes me diziam para eu tirar a minha vida, insinuando que eu não era ninguém. Quando tomei a decisão de pôr fim ao meu sofrimento, algo surpreendente aconteceu. No exato momento em que eu me preparava para me enforcar, meu celular tocou: era uma amiga.
Decidi atender, como uma “última ligação”.
Ela me perguntou se eu havia ligado para ela e eu disse que não. Também me perguntou se havia alguém comigo. Eu disse que não. Então, ela me relatou que um homem chamado “Ângelo” lhe havia ligado, com o meu número de celular, ela atendeu e já foi dizendo: “Oi, Glorinha, tudo bem?” Do outro lado, uma voz que transmitia paz, respondeu: “Aqui não é a Glória, é o Ângelo”.
“Ângelo”, no grego, significa “mensageiro” e, no latim, “anjo”.
Minha amiga, sem entender nada, falou “desculpa” e desligou. Então, ligou para mim a fim de saber o que estava acontecendo. Quando me contou essa história, compreendi que era Deus me impedindo de fazer tal ato. Caí de joelhos, chorei e lhe revelei o que pretendia fazer e que a ligação dela havia me interrompido. Ela e seu esposo vieram de Brusque para me ajudar e hoje posso dizer que existe uma saída que se chama Jesus Cristo, não importa o poço em que o diabo nos coloque.
Esse casal me levou para a igreja e eu, por já ter provado das misericórdias do Senhor,
percebi que Ele tinha algo para minha vida. Fui curada das feridas internas, da minha orfandade e dos meus traumas de família.
Hoje meu propósito é ajudar pessoas que estão passando pela mesma situação pela qual eu passei, tentando pôr fim à vida. Busco levar-lhes o consolo, a libertação e a cura que eu mesma provei.
Relatei minha história em um livro intitulado “A Última Chamada”, para fazer referência àquela ligação que decidi atender, como sendo a última, e que serviu para me salvar. Por trás das cicatrizes, há sinais de superação porque minha vida foi redirecionada por Deus. Por trás das cicatrizes, está a alegria por entender o meu propósito: resgatada para resgatar. Não espere pela última chamada, Deus está chamando você, hoje, para uma vida com propósitos
