Sobreviver quando Deus está no controle 

Por: Hélio Hermito Zampier Neto @8785simoneto Meu nome é Neto, fui jogador profissional de futebol, esporte em que me realizei […]


Por: Hélio Hermito Zampier Neto
@8785simoneto

Meu nome é Neto, fui jogador profissional de futebol, esporte em que me realizei por muitos anos. Entretanto, em 2016, quando atuava no time da Chapecoense de Santa Catarina, passei por um acidente de repercussão mundial. Enquanto nos deslocávamos até Medellín – Colômbia, para disputarmos a final da Copa Sul Americana daquele ano, onde uma vitória seria algo inédito para uma equipe como a Chapecoense, de repente entre as cidades de La Ceja e Abejoral, o avião da Companhia Aérea LaMia deu pane e, nele, viajávamos em 77 pessoas. Os motores se apagaram e, em seguida, a aeronave colidiu com a serra “El Gordo”, morrendo 71 pessoas.

O desastre aéreo, segundo relatório final da investigação, foi causado porque o combustível da aeronave era insuficiente. No acidente, faleceram dezenove jogadores, quatorze integrantes da comissão técnica, nove dirigentes, sete membros da tripulação, vinte profissionais da imprensa e mais dois convidados. Milagrosamente, seis pessoas sobreviveram ao acidente: dois tripulantes, o jornalista Rafael Henzel e apenas três atletas – eu, Alan Ruschel e Jakson Follmann. Fui o último a ser resgatado com vida.

Depois de passadas horas da tragédia, os socorristas, bombeiros, médicos e policiais encerraram as buscas por sobreviventes tendo em vista a situação do avião após a queda. Estavam certos de que ninguém mais seria encontrado com vida no local. Todos foram embora. Com as buscas encerradas, apenas dois policiais foram encarregados de guardar o local do acidente e esperar a chegada das equipes que viriam no outro dia para vasculhar os destroços atrás de respostas. Porém, um dos policiais foi caminhar pelos escombros e, debaixo da chuva que caía na mata, ouviu um gemido muito baixo, como um “pedido de socorro”. Chamou seu colega, que não acreditou no início, mas depois ouviu também aquele tênue clamor. Iniciaram novamente uma busca ali, encontrando- me com vida, mas muito ferido.

Lutei bravamente para me recuperar das sequelas, passando por seis cirurgias no joelho e outras. A cirurgia mais grave foi a nos pulmões, e o médico relatou que só um milagre me fez ficar vivo por tanto tempo mesmo com lesões tão graves em órgãos tão vitais. Por causa das dores intensas, fiquei impossibilitado de atender às exigências físicas que a carreira de futebolista impõe ao praticante, sendo obrigado a dar um ponto final na profissão da qual tanto gostava. No final de 2019, anunciei minha aposentadoria, por orientação médica.

Na semana em que a tragédia completou cinco anos, tive a oportunidade de visitar o local da queda do avião e ali ajudei a plantar setenta e uma árvores em homenagem às vítimas. Eu precisava voltar àquele lugar, pois ainda tenho muitas lembranças dos meus companheiros e a dor é muito intensa.

A Chapecoense me deu todo o suporte necessário, também tive o apoio da família, da igreja em que atualmente congrego em Chapecó e da igreja em Santos, onde fui batizado. Não foi fácil sobreviver a tudo isso, mas a união de todos, as orações de muitos irmãos e o amor recebido da família e amigos me fortaleceram.

Creio que Deus, em sua infinita bondade, realizou esse milagre na minha vida para que eu divulgasse a todos quão grande é o seu amor. Mostrou-me, também, que apesar dos erros humanos, Ele está no controle de tudo.

Deixo a você leitor(a), que está desanimado e sem esperança, uma palavra de incentivo. Não perca a fé em Jesus, independentemente das dificuldades enfrentadas. Na Bíblia, existem vários exemplos de homens e mulheres que passaram por grandes batalhas em sua vida, mas, através da fé no Deus altíssimo, conseguiram suportar as dores e transformá-las em motivação para si e para o próximo.

Sofremos com as tragédias por que passamos, mas Deus é quem nos sustenta e nos torna resilientes para sobrevivermos às tempestades da vida. Esperamos Dele as respostas de que precisamos para vivermos com a paz que o mundo não pode dar, mas Ele sim.

“Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Romanos 8:18).

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