
Por: Willian Luis de Camargo e Simone Amorim de Camargo
@william_camargo_marilia
Nossa história envolve milagres e resiliência constante. Não podemos relatar como estamos vivendo hoje, sem dizer o que Deus fez e ainda está fazendo em nossas vidas. Há nove anos, nascia nosso primeiro filho, Levi. Eu não poderia ter filhos por problemas no útero, mas, ao ouvir esse diagnóstico dado pela médica, disse: “Só volto aqui quando estiver grávida”. E foi exatamente isso que aconteceu: voltei lá já com o Levi no ventre.
Nessa gestação, tive que ficar vários meses em repouso, mas, pela graça de Deus, Ele nos presenteou com esse filho maravilhoso, uma grande benção em nossas vidas. Três anos depois, uma nova gestação e, para nossa surpresa e confirmação do que Deus já falava comigo, vieram os gêmeos Matheus e Nathan.
A história deles já começou complicada, pois descobrimos, aos quatro meses de gestação, um problema grave com o Nathan: um diagnóstico de diástole 0. Isso significava que uma das duas artérias que passavam por dentro do cordão umbilical, cuja função era prover alimentos para o feto, não estava funcionando. As consequências dessa deficiência eram nítidas, pois, pelos ultrassons, percebia-se que o seu irmão estava maior e com mais peso. Pelo diagnóstico não haveria o que ser feito e a vida do Nathan dependia de um milagre eu escolhi depender do milagre.
Explicando melhor o problema é que dentro do cérebro do feto existe uma passagem de alimento chamada ducto venoso e essa passagem, em todas as gestações, se fecha em determinado momento e o feto segue normalmente recebendo suprimento apenas pela artéria que vai para o corpo. No caso do Nathan, como a artéria que ia para o corpo não funcionava, apenas a da cabeça, quando esta se fechasse, ele ficaria totalmente sem alimentos, e uma cesárea emergencial deveria ser realizada naquela hora.
O tempo ia passando e, a cada consulta, a médica se surpreendia por ele ainda estar com o coração batendo. Mas, pela graça bendita de Deus, o Nathan foi contra todas as projeções médicas e conseguiu chegar a 1155 g, quando o ducto venoso se fechou.
Ambos nasceram e foram para a incubadora. O Nathan teve uma parada cardíaca e precisou ser reanimado, recebendo adrenalina. Juntos ficaram mais de um mês na UTI. Também minha cirurgia inflamou, por eu ter permanecido no hospital com eles todos os dias. Mas, com Deus à frente, vencemos essa luta.
Logo depois, deparamo-nos com alguns problemas analisados como normais pelos médicos em virtude de as crianças terem nascido prematuras: a fala não se desenvolvia, alguns movimentos estranhos (as estereotipias) ocorriam e muitos outros sinais. Em meio à pandemia, sem plano de saúde, dependendo do governo, foi muito difícil conseguir atendimento. Ganhamos de alguns amigos uma consulta particular com um neurologista, e então houve a confirmação do que já desconfiávamos: nossos gêmeos eram autistas.
Em vez de cairmos em um estado de decepção e desorientação que pode atingir muitos pais, eu e meu esposo ficamos confiantes e encontramos a paz de Jesus paz que excede todo o entendimento, por sabermos que Deus não faz nada sem um propósito.
Há dias em que o futuro parece incerto e somos tomados por um sentimento de que não vamos conseguir. Entretanto, nesses momentos, continuamos a crer no milagre.
Se você estiver passando pela mesma dificuldade, sugiro que faça tudo da mesma forma como planejou, que não abandone os sonhos e objetivos traçados inicialmente, que ame mais ainda, que caminhe mais perto possível, que mantenha sua mente e coração voltados ao Senhor, agradecendo a Ele por cada conquista, mesmo que seja pequena.
Temos aprendido a enfrentar uma rotina de adaptações, terapias, consultas e muitos desafios. Mas, quando olhamos para cada um de nossos filhos, vemos que tudo vale a pena. Cada sorriso, cada abraço, cada olhar, ainda que sem nenhuma palavra, nos enchem de intensa alegria e de amor incondicional.
Filhos sempre serão bênçãos do Senhor. Como pais, nós precisamos ser o suporte deles em todo o tempo, nos dias ruins e também nos dias bons. Por isso, aproveite ao máximo cada dia, dedique mais tempo um ao outro, trabalhe menos, valorize estar juntos porque a maior vitória é a família vivendo em unidade, com amor paciente, com ajuda mútua, com confiança inabalável.

