Jeissie Maria G. Takano
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Em novembro de 2020, meu esposo, minha filha e eu contraímos Covid-19. No entanto, meu esposo, de 32 anos, faleceu. Eu estava no quarto mês de gestação e nossa filha Bianca tinha 6 anos de idade.
Ao receber a notícia de sua morte, clamei ao Senhor para ressuscitá-lo, dizendo a Deus que nunca havia almejado bens materiais, mas apenas ter minha família comigo, porém isso não aconteceu. Conhecendo minhas fraquezas, pensava que, se passasse por uma situação de perder meu esposo ou meus filhos, não sobreviveria por amá-los tanto. No entanto, sobrevivi e, diante da morte, não senti revolta nem pensei que o Senhor houvesse errado. A dor da separação física era profunda, o choro desesperado, mas havia uma certeza: o Senhor é justo e bom. Ele jamais permitiria que acontecesse algo com uma finalidade ruim na vida de seus filhos, pois os seus planos são 05 melhores.
Dias depois do falecimento de meu esposo, em um retorno ao infectologista, descobri que, durante a Covid, tive uma pneumonia, que ficou sem tratamento devido a uma “falha” na comunicação e na entrega de exames. Só que a doença estava regredindo “sozinha”. Vi claramente o cuidado de Deus, poupando meu esposo dessa preocupação, pois ele sempre perguntava como eu estava e, se eu soubesse, não poderia mentir. Enquanto fiquei sem tratamento médico, o Médico dos médicos cuidou de mim e de nosso bebê.
Neste tempo de luto, ainda choro muito pela dor da saudade, é natural pois meu casamento sempre foi cheio de amor e unidade. O plano era meu esposo e eu envelhecermos juntinhos e não havia espaço para o divórcio. Vivi um matrimônio abençoado, dentro do propósito de Deus, com um homem que servia ao Senhor de todo o coração, generoso, que desfrutou do privilégio de ser presbítero em nossa amada igreja, marido e pai amoroso, que viveu seus dias aqui com hombridade. Isso me faz também ter a certeza de que vou reencontrá-lo na eternidade
Quando reflito sobre tudo que passei somente confirmo que, em todos os momentos, Deus esteve comigo. Ele estava lá, colhendo cada lágrima e suprindo cada necessidade. Eu e minha filha ainda temos passado por acompanhamento profissional através da terapia, mas eu, graças a Deus, não precise retornar ao tratamento psiquiátrico nem às medicações que fiz uso durante anos de minha vida e havia interrompido, com dificuldade, por conta da gravidez. Também contamos com o apoio de nossos familiares, amigos e de nossa amada igreja, que tem nos acolhido e nos aconchegado em seu amor, tornando possível permanecermos firmes em meio às tempestades. Como sou grata!
Em momentos de profunda fragilidade, Deus usou os seus meios para me socorrer. Certa vez, quando medos e incertezas começaram a penetrar em meu coração, eu clamei pelo seu socorro insistentemente, em secreto. Em resposta, Ele deu uma visão espiritual a um irmão de minha igreja, que me procurou e me trouxe respostas para minhas incertezas.
Quanto à gravidez, passei por um parto de emergência e meu filho Lucas nasceu prematuro e bem debilitado, precisando permanecer oito dias na UTI. Pensei que não fosse suportar, mas suportei, porque a força de Deus estava em mim. E, hoje, ele é um menino lindo e tranquilo. Está grande, forte e nem parece que nasceu tão fragilizado. A Bianca, por sua vez, tem vencido diversas batalhas em suas emoções, cresceu de forma incrível em sua fé, viveu experiências sobrenaturais e deseja ser batizada logo. E eu, de forma sobrenatural, consegui prosseguir com todas as responsabilidades; filhos, trabalho, faculdade e o serviço em nossa igreja.
Minha experiência e o retrato destes versículos: Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? (…) Porque estou bem certo de quem nem a morte, nem a vida… poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus (Romanos 8:31, 38 e 39).
Enfim, uma coisa é certa: as piores dores poderão nos sobrevir, mas, se estivermos em Deus, elas não virão sozinhas. Com certeza, virão acompanhadas pelo amor, consolo, força e graça daquele que é o dono da Vida e que insufla sua Vida dentro de nós, para conseguirmos seguir em frente.