Síndrome de Bornout em Nossos Dias

Por: Mariane Escher Furtado Dantas Psicóloga    Vivemos em uma época de avanços tecnológicos, desenvolvimentos, evoluções e busca contínua de […]

Por: Mariane Escher Furtado Dantas

Psicóloga 

 

Vivemos em uma época de avanços tecnológicos, desenvolvimentos, evoluções e busca contínua de conhecimento. Acompanhando tudo isso, muito trabalho, seja o trabalho propriamente dito ou a valorização cada vez maior dele. Falta de tempo e “correria” são coisas que se veem com muita frequência.

Com tudo isso, não sobra espaço para pensamentos e reflexões sobre a vida, para as mudanças e melhorias que devem ser feitas, para caminhos que devem ser tomados. Tudo acaba entrando no modo automático e assim vai se vivendo e passando o tempo.

No mundo do trabalho, não é diferente. Muito se cobra, muito se faz e pouco se para, a fim de pensar sobre o que está acontecendo. A equação vai se invertendo e, ao invés de o trabalho ser para o homem, o homem acaba sendo para o trabalho. A cobrança e a exigência são cada vez maiores, especialmente consigo mesmo.

Pessoas com alto grau de exigência e cobrança próprias, que trabalham muito e descansam pouco; que sofrem com tensão emocional e estresse crônicos provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes; que assumem demandas excessivas além do que podem realizar; perfeccionistas; que colocam seu foco no trabalho como fonte exclusiva de prazer; que sentem a necessidade de sempre demonstrar alto grau de desempenho ou que medem sua autoestima pela capacidade de realização e sucesso, são pessoas propensas à famosa Síndrome de Burnout. Um distúrbio psíquico, mais conhecido como esgotamento profissional e que se trata de cansaço excessivo e total falta de energia em relação ao trabalho.

É um esgotamento tanto mental quanto físico. Basicamente se dá em três aspectos. O primeiro diz respeito à fadiga e ao esgotamento em relação ao trabalho, em que até o pensar em ir trabalhar pode cansar. O segundo diz respeito às relações interpessoais, que acabam se tornando desinteressantes e também fatigantes, devido a condição interna de quem está em estado de esgotamento, ou seja, uma coisa vai “puxando” a outra. E o terceiro se refere à produtividade, que sofre um declínio já que não se tem mais energia para continuar as tarefas como se fazia habitualmente.

Quando se fala em Síndrome, entende-se que há um conjunto de sintomas para que seja diagnosticada. No caso de Burnout (termo que, em inglês, tem algo a ver com “combustão completa”), esses são tanto psicológicos e comportamentais, como também físicos.

Alguém que está com tal distúrbio poderá apresentar os seguintes sinais: cansaço devastador, falta de energia, exaustão, realização de atividades que antes eram feitas de forma competente e atenciosa, agora de forma automática, irritabilidade, ironia, falta de concentração, desânimo, sensação de fracasso e incapacidade, baixa produtividade, insatisfação pessoal, descaso com necessidades pessoais, não enfrentamento de conflitos, reinterpretação de valores, isolamento e resistência a reuniões, mudanças bruscas no humor, sensação de que tudo é complicado e desgastante, indiferença, desesperança, ausências no trabalho, agressividade, pessimismo, baixa autoestima.

Também há os sinais físicos que podem estar associados a problemas no sono, alterações hormonais, dores de cabeça, tonturas, tremores, falta de ar, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, distúrbios gastrintestinais, entre outros.

Apesar de ter ligação direta com o mundo do trabalho, tal Síndrome não advém somente dele, mas é uma mistura de fatores profissionais, pessoais e sociais, o que não deve causar surpresa visto que essas áreas são interligadas, como por exemplo, uma situação familiar que influencie o humor no trabalho. O fator pessoal tem a ver com a atitude que a pessoa tem em relação a si mesma, no sentido de cuidar de si, de não ir além do seu limite, de não se expor por vontade ou capricho a situações de estresse ou tensões constantes, dentre outras coisas.

É o pensar em si mesma e se tratar bem. Quem não liga para isso, provavelmente não vai ligar para excessos que ocorrem no trabalho também. Já o social e o profissional têm a ver com as pressões externas oriundas tanto da sociedade (padrões impostos, por exemplo), quanto do ambiente de trabalho ou do que se é exigido profissionalmente.

É importante o fato de se conhecer, pois também são frequentes, no contexto atual, a competitividade e as comparações. E o perigo está em querer ser o que não é ou o que não consegue. O que é feito com equilíbrio não gera problemas. Nessa questão de esgotamento, competir e ter o outro como parâmetro acaba contribuindo para o problema, como também tentar ser como o outro ou até melhor que ele, negligenciando características e limites próprios.

A Síndrome de Burnout, apesar de não ser algo tão novo, é um sintoma do tempo em que vivemos e um problema muito comum. Atenção especial devem ter as mulheres em relação a esse distúrbio: pesquisas indicam que elas são muito mais acometidas do que os homens. Talvez a prevalência em mulheres se dê pela tendência de se preocuparem primeiro com as outras pessoas, depois consigo mesmas; ou pela maior sensibilidade emocional; e também pela sobrecarga de tarefas que assumem, inclusive as domésticas, gerando duplas e até triplas jornadas. Geralmente as mulheres acabam assumindo mais obrigações, mesmo que não sejam as formais de trabalho, mas que são consideradas trabalho também. Como consequência, acabam se esgotando mais rapidamente.

Diante de tudo isso, é importante observar a diferença entre um esgotamento leve e um esgotamento crônico: o primeiro é resolvido com um período de descanso após a utilização de energias extras para as atividades, e o segundo é contínuo. Felizmente, para você que está lendo esse texto e identificando vários sinais e sintomas de esgotamento profissional crônico, há esperança também. Talvez o descanso e o alívio não sejam imediatos, mas vai depender quase que exclusivamente de você mesmo. Algumas vezes, também é necessário uso de medicação (quando inclui depressão e/ou ansiedade, por exemplo), então uma avaliação médica pode ser importante. Psicoterapia também é importante. Mudanças no contexto ocupacional, às vezes, se fazem necessárias. Paciência e disposição são essenciais.

Pode-se fazer isso através de uma avaliação profissional, perguntando a si mesmo se está satisfeito com o que faz e com seu ambiente de trabalho, lembrando que nem sempre entusiasmo tem a ver com satisfação, Também se questionando sobre o que o atrai em seu trabalho, e não se deixando enganar, por exemplo, por altos honorários que acabam tendo um alto custo. Ainda é válido pensar mais sobre o sentido de fazer o que se faz: “por que estou fazendo isso ou aquilo?” ou “para que estou fazendo?”.

Em uma avaliação pessoal, convém rever valores e prioridades pessoais, como, por exemplo, que lugar o trabalho ocupa em sua vida, o que ele representa para você e quanto tempo é aproveitado com amigos, familiares, pessoas de quem gosta e atividades prazerosas que não sejam laborais. A Bíblia relata algo que Jesus, certa vez, disse, aparentemente simples, mas de grande impacto: onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração. Pense sobre aquilo que considera mais valioso e onde pretende colocar seu coração, suas expectativas, suas emoções e o sentido de sua vida. E importante parar em meio a toda correria, falta de tempo, rapidez com que tudo ao redor passa e olhar para si mesmo, buscando sempre ponderar sobre esta afirmativa: “onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração”.

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